PT pressiona para rachar o PSB de Eduardo Campos
O PT já começou a operar na tentativa de fazer com que o PSB abra palanques nos estados para a presidente Dilma Rousseff, segundo lideranças socialistas. A intenção é rachar a sigla ex-aliada e fazer com que setores regionais do partido embarquem na campanha de Dilma, o que enfraqueceria uma eventual candidatura da ex-senadora Marina Silva, que era vice na chapa de Eduardo Campos, morto nesta quarta-feira (13) em acidente aéreo. Ela deve ser o nome escolhido para substituir Campos.
Interlocutores do PT já começaram a assediar líderes do PSB em estados onde há uma boa relação entre as duas siglas, como Bahia e Sergipe. Em meio a esse processo, a própria Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligaram na quinta-feira (14) para Roberto Amaral, presidente em exercício do PSB, que assumiu a responsabilidade de conduzir o processo para a nova candidatura.
Na pauta, oficialmente, constam apenas condolências pela morte de Campos. O vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, negou que haja assédio da legenda ao PSB. Cantalice disse que questões eleitorais só serão discutidas a partir de segunda-feira (18), após o sepultamento de Campos, que será no próximo domingo (17).
Ao mesmo tempo que evita dar um tom eleitoreiro, Lula disse que não há como negar que a morte de Campos provoca uma mudança no cenário.
O que virá?
Membros da Executiva do PSB se reuniram na quinta-feira num hotel em São Paulo para discutir os próximos passos. A expectativa é que a decisão sobre a nova composição da chapa saia entre os dias 19 e 20. No entanto, o partido também só vai se pronunciar oficialmente sobre o novo projeto político após domingo.
Uma ala ligada ao presidente nacional em exercício, Roberto Amaral, mais próxima do PT, defende para a cabeça de chapa um nome que não seja oriundo da Rede, movimento de Marina abrigado no PSB. Outro grupo apoia o nome de Marina como candidata à Presidência. Dele fazem parte o candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o líder na Câmara, Beto Albuquerque (RS), e os deputados Márcio França (SP) e Julio Delgado (MG).
De acordo com um dos dirigentes nacionais do partido que esteve na reunião em São Paulo, a “parte mais pragmática do partido” defende o alinhamento com o nome de Marina Silva. A leitura é que o nome da senadora seria a salvação para a consolidação do PSB. Outro grupo, mais preocupado com o futuro do partido, trabalha com a posição de não haver candidatura do PSB. O receio é que Marina, na prática, desestruture o partido. Segundo esse dirigente, será convocada uma reunião da Executiva do partido, em Brasília, depois da missa de sétimo dia de Eduardo Campos, onde seria tomada a decisão.
Antes da entrada da Rede Sustentabilidade na coligação, o PSB já era rachado. O grupo liderado por Amaral, ex-ministro do governo Lula, é simpático ao PT. Já a outra ala chegou a defender o apoio ao candidato do PSB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG). Com a morte de Campos, principal líder socialista e que costurou os palanques regionais para esta campanha, a sigla voltou a ficar dividida entre uma ala que defende Marina e outra que prefere retirar a candidatura.
Na defesa de Marina
Enquanto o partido não se decide, partidários de Marina defendem sua candidatura. Com isso, tentam evitar a aproximação do PT. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse que, ao se aliar a Eduardo Campos, apoiava uma candidatura alternativa e de oposição a Lula e ao PT. Segundo Freire, a substituição terá que levar isso em conta: uma candidatura capaz de garantir a realização de um segundo turno e que trabalhe para derrotar Dilma. Freire descartou deixar a coligação para apoiar Aécio informalmente.
Para o líder do PPS, Marina é o nome mais provável para encabeçar a chapa. Segundo ele, não há data ainda para a reunião dos partidos da coligação. Indagado se há no PPS resistência ao nome de Marina, Freire respondeu que não há resistência, mas que não vê esse sentimento. “O sentimento de derrota ao lulopetismo é forte para (o PPS) não ter candidato. Queremos que tenha segundo turno. Com Marina ou com qualquer outro candidato que se viabilizar”, disse.
Antônio Campos, irmão do candidato morto, defendeu a candidatura de Marina à Presidência. “Tenho convicção de que essa seria a vontade de Eduardo”, escreveu Antônio em uma carta. O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), também apoia Marina.
Enquanto o PSB discute, a ordem na Rede é silêncio. Recolhida desde o acidente, Marina ordenou que a discussão da chapa só seja feita após o sepultamento de Campos.
O ex-deputado Walter Feldman, porta-voz da Rede, disse que o PSB continua como cabeça de chapa. Frisou que o que foi determinado por Campos será mantido.
Opinião
Líderes dos partidos coligados ao PSB na chapa Unidos pelo Brasil declararam ao ‘Globo’ que apoiarão a escolha de Marina para encabeçar a coligação. Eles frisaram, porém, que Marina está diferente desde que iniciou a campanha com Campos, abraçando um partido cuja bandeira nunca foi essencialmente a causa ambiental e a renovação da política. Alguns pedem que ela reafirme compromissos de quando entrou no PSB, em novembro do ano passado.
Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, afirmou que o nome de Marina é o mais natural para encabeçar a chapa, não por ela ser vice de Eduardo, e sim por ter popularidade. Ele disse esperar que a decisão sobre o novo candidato à Presidência seja tomada em conjunto entre os seis partidos.
“Não abrimos mão de que essa decisão passe por todos os partidos. O Eduardo Campos não era candidato do PSB, e sim da coligação Unidos pelo Brasil. Eu diria que é natural não em função dela ser a vice, mas em função da popularidade que ela tem. Se algo acontecesse com a Dilma, eu não diria que o Michel Temer seria o candidato do PT”.
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Fonte: O Globo